1354 prepared DC motors with steel wool on axis tip, cardboard boxes

Video, synthesized soundtrack

This video investigates the imaginative capacity of our inner ears, while questioning the path that has been crystallizing as the most common pattern in sound art in recent years. Many of the works, such as the ones presented lately by swiss artist Zimoun, are large scale kinetic installations that have been enjoying a good reception among art galleries and museums around the world.

The formula is a simple one: they consist of a large quantity of kinetic objects, all identical, ocuppying vast exhibit spaces. They produce simple, repetitive sounds that are perceived, as a whole, as a sound texture. They have a direct inheritance from minimal art, since visitors are invited to explore the space around or inside these installations in order to experience different sound results out of these textures, while contemplating the simple, mechanical forms through which these sounds are generated.

Buf if the end goal is a sound work, and if there is already this deeply established pattern, is it really necessary to build the actual installation? Are they poetic or are they nothing but engineering efforts? Would it be more interesting to obtain the sound result through other means, and leave to the visitor’s creative capability the task of building a the physical experience mentally out of the sound and the description of the installation?

This work proposes the creative exercise of constructing a physical and spatial reality through our hearing – it is fictional writing supported by our ears, or a reverse phenomenology, in which words and concepts evoke non-existing visual and spatial perceptions.

As a byproduct, the video invites us to think about the economical and sustainability issues involved in producing large scale sound installations such as the one emulated in it.

[PT]
O vídeo investiga a capacidade imaginativa de nosso ouvido interior, ao mesmo tempo em que questiona o caminho que vem se cristalizando como um padrão nos trabalhos recentes de arte sonora.

Muitas destas obras, como as produzidas pelo artista suíço Zimoun são instalações cinéticas de grandes proporções, e vêm gozando de excelente recepção em espaços institucionais do mundo todo. A fórmula deles é simples: objetos cinéticos, repetidos em grande número e ocupando grandes espaços expositivos, produzem sons repetitivos e simples que se convertem em texturas sonoras. Neles há uma herança direta do minimalismo, visto que os visitantes são convidados a experimentar o espaço ao redor ou no interior das instalações de forma a experimentar diferentes resultados sonoros dentro desta textura uniforme de sons, enquanto se pode contemplar o processo mecânico simples que causa este som. 

Mas se o objetivo final é produzir um trabalho sonoro, ainda mais dentro de um padrão já altamente codificado como o destas instalações, é realmente necessário produzir fisicamente a instalação? Serão estes trabalhos esforços poéticos ou mais façanhas da engenharia? Seria, talvez, mais interessante obter o resultado sonoro por outros meios, e deixar a capacidade de fabulação do visitante construir mentalmente a experiência corporal a partir da descrição da instalação? 

O presente trabalho propõe o exercício de criação de uma realidade física e espacial a partir do ouvido — é literatura apoiada pela escuta, ou talvez uma fenomenologia reversa, na qual a palavra e o conceito evocam uma percepção visual e espacial não presentes. Como subproduto, o trabalho convida a uma reflexão sobre os aspectos econômicos e de sustentabilidade das instalações que emula.